Guia prático para fazer um doutoramento fora - Parte IV
Quem não leu e estiver interessado, poderá encontrar as partes I, II e III nos arquivos de Outubro e Novembro de 2004.
Saber quando desistir
Quando um gajo resolve ir para fora há muitas coisas a considerar. O tempo que se está longe da família e amigos, o custo de vida, os concursos para bolsas da FCT, e o quanto se gosta, ou gostará, de fazer investigação.
E eu cheguei à conclusão que está na hora de repensar a minha vida. Volto para Lisboa dia 9, e fico por lá. Para já, durante a Primavera. Volto a Estrasburgo para apresentar o trabalho no fim do ano lectivo, em finais de Maio, inícios de Junho. Depois, arrumo as tralhas e volto definitivamente para Lisboa.
As razões são muitas e quem me conhecer pode facilmente adivinhar parte delas. Quem não souber, pode sempre perguntar. Basicamente gosto de matemática mas não o suficiente para ficar 4 anos no estrangeiro num país que não é o meu, sem as conversas de café, sem as pessoas que conheço em Lisboa, para investir numa carreira que está cada vez mais difícil. Isto de vir estudar para fora tem muita piada mas depois ser colocado como professor adjunto no politécnico de Vila Real nem tanto. E basta olhar para os números dos departamentos de matemática dos grandes centros urbanos e para a tendência de evolução do número de alunos do ensino superior para perceber que os concursos vão escassear. E também não é difícil chegar à conclusão que os concursos são cozinhados à medida, em muitos casos. Basta olhar para os requisitos dos poucos concursos que ainda vão abrindo.
Por isso, vou voltar. Até sábado!
2 Comentários:
Ainda ontem recebi uma carta do ISEC escrita por uma mestra a dizer que "não tenho habilitações em Matemática". Dei aulas nos departamentos de Matemática do IST e de Stony Brook; fiz cadeiras de Matemática no doutoramento; o dep. Matemática do IST tem três docentes com as mesmas habilitações que eu; mas isso não convence os senhores mestres. Vou protestar. Esta protesto. Vou pedir apoio jurídico ao SNESUP. Mas isto é muito desgastante, e não sei até quando terei paciência para isto.
Esta notícia não é para mim uma surpresa, mas apesar de tudo espero que consideres o que te disse em Estrasburgo. Apesar de tudo, dou valor à educação!
Outra coisa: muda-lhe o nome, mas continua com o "Ó Faxavor"...
Um abraço.
Aqui vai um Abraço solidário. É preciso muita coragem para tomar este tipo de decisões. Tenho pena porque penso que o País vai perder um Doutor de alto calibre. Mas é bom saber-te lúcido e serena, muita gente na tua situação teria entrado em depressão ou arranjado mecanismos de se enganar a si própria.
Devo ir a Lisboa em Maio. Telefono-te nessa altura para um café.
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