segunda-feira, março 21, 2005

Já chega!

Na madrugada de domingo foram assassinados a tiro dois polícias na Amadora. Podem ler mais sobre a notícia no Público.

Com mais este caso de homicídio a agentes da autoridade sobe para 6 o número de polícias assassinados em serviço desde 1999. Desses 6, 4 foram abatidos a tiro, todos na Amadora. Já chega! Tá na hora de fazer qualquer coisa! Queixamo-nos da insegurança em Lisboa, mas essa insegurança é fruto da impotência da polícia, à luz da lei, para manter a ordem. E a impunidade dos homicidas de polícias que continuam a monte meses a fio contribui e de que maneira para a sensação de impunidade dos criminosos.

Há uns anos um polícia disparou contra um suspeito, apanhado em flagrante a roubar uma loja em Évora (lembram-se?). Foi suspenso e acusado de abuso de poder. A polícia em Portugal não pode sacar das armas. E os assassinos sabem disso.

Há mais ou menos dois anos, se bem me lembro, foi assassinado um polícia na minha rua, na Damaia. O suspeito fugiu para o estrangeiro. E a polícia pouco ou nada pôde fazer.

Em Portugal os agentes da PSP são responsáveis por comprar a farda (saiu há uns 2 meses uma reportagem na Visão sobre isso). As armas são antigas, os cintos são fracos, as camisas rasgam-se com facilidade. Se um agente quiser comprar um colete à prova de bala tem de o pagar do seu bolso. E se rasgar a camisa em serviço tem de pagar do seu bolso uma camisa nova. E esperamos que os agentes da PSP façam tudo isto com o seu ordenado que não chega aos 1000 euros por mês. Estamos a pagar menos de 200 contos por mês a pessoas que esperamos que arrisquem a vida em nome da nossa segurança e depois cobramos-lhes todos os danos causados quando tentam intervir. E criticamos sempre que não intervêm. Já chega! Se um polícia, no cumprimento do dever, rasgar a camisa, ou danificar o blusão, deve ser o estado a pagar a farda. Não podemos esperar que seja do bolso dos agentes que saem os euros necessários para manter a ordem em Portugal.

Se um carro patrulha tiver um acidente durante uma perseguição a um suspeito os agentes são responsáveis pelos danos causados à viatura! O que isto quer dizer é que qualquer tipo que assalte uma loja, cometa um homicídio ou qualquer outro crime pode simplesmente roubar um carro, sair a grande velocidade, e esperar que o polícia pense na família antes de andar a 140 à hora no meio das ruas de Lisboa para apanhar um assaltante, possivelmente armado, que depois de presente ao juiz será, provavelmente, deixado sair em liberdade a aguardar julgamento. E depois do julgamento o mais certo é ter uma pena de 1 ou 2 anos de prisão, reduzidos facilmente a metade por bom comportamento. E sai da prisão, pronto para se vingar do agente que o prendeu. Um agente que nem sequer pode sacar da arma a menos que o ameacem com uma arma. E quando a ameaça com armas de fogo acontece o criminoso não vai esperar que o polícia saque da sua arma antes de começar a disparar à queima-roupa.

Já chega! Se queremos segurança em Portugal também temos de fazer alguma coisa por isso. Foi convocada para amanhã, terça-feira, uma manifestação de protesto pela falta de segurança e de solidariedade para com as forças de segurança. A marcha silenciosa parte do Marquês de Pombal às 17:30.

Os agentes da PSP, GNR, PJ e demais forças de segurança são os homens que nos protegem. Está na altura de retribuirmos à medida das nossas possibilidades.

Já chega!