quarta-feira, fevereiro 02, 2005

"às moscas", "às aranhas", "às urtigas"

"às moscas" quer dizer vazio e "às aranhas" quer dizer um bocado atarantado, perdido. Por acaso, acho que atarantada fica a mosca quando cai na teia de aranha, e não a aranha. Mas enfim, são opiniões.

A nossa língua está cheia de expressões relacionadas com animais (e comparações com os ditos): "ir com os porcos" "que nem uma barata tonta", "como um cordeirinho", "olhos de carneiro mal morto" (gosto particularmente desta, é extremamente elucidativa do seu significado), "cor de burro quando foge", "cantar de galo", "comer que nem um boi", "que nem um passarinho", "na boca do lobo".

E isto já para não falar dos insultos relacionados com animais: "vaca", "porca", "porco", "camelo", "urso", "burro", "cão" (pouco utilizado, decerto), ou ainda "lontra", "baleia",... Já para não falar do típicamente brasileiro "cascavel" (e demais espécies de cobras), por exemplo.

Mas afinal, que é que temos nós contra os animais? Os animais são nossos amigos! E nós temos uma infinidade de expressões que os ridicularizam e que servem, em geral, para gozar com as pessoas comparando-as a algum animal.

E não são só os animais! "vai à fava", "foi às urtigas"... as plantas também!

E as associações de protecção dos animais (e das plantas) nada fazem contra esta forma de maus tratos! Eu acho que devemos começar a utilizar insultos apenas relacionados com objectos inanimados! Por exemplo, "calhau". E quando quisermos dizer mal de alguém podemos sempre dizer que é estúpido/feio/bruto/outro insulto à escolha "que nem uma porta". Embora, como grande parte das portas é feita de madeira, devemos especificar que pretendemos fazer a comparação com uma porta de um qualquer material sintético ou de metal. Senão, estamos a gozar com os restos mortais de um ser vivo e isso não se faz! Por isso, quando quiserem dizer que alguém é pouco dotado de inteligência digam "estúpido que nem uma porta de ferro". Pode dar algum trabalho, mas é justificado. Pelos direitos dos animais.

Quem se lembrar de mais expressões que devam ser banidas, é favor por num comment.

1 Comentários:

Às 12:29 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

A malta criticava o pobre do Jerónimo de Sousa por ter dito que "estava com um olho no burro e outro no cigano". Espero que não queiram acabar com esta deliciosa expressão.

Filipe Moura

 

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